O assunto do final de semana foi o anúncio do fim do Sepultura, após uma história incrível de quatro décadas que projetou a banda brasileira em escala planetária.
O grupo prepara uma turnê mundial de 18 meses, a “Celebrating Life Through Death”, que começa em março do próximo ano no Brasil, com escala em São José, no dia 23, na Arena Opus. A venda de ingressos abre nesta segunda-feira no portal Eventim.
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Sepultura fará turnê de despedida e São José está no roteiro – Foto: Reprodução/@sepultura/ND
Sepultura não é só a maior banda de heavy metal brasileira. Em termos de alcance internacional, produção, conceito e legado não encontra similar dentro do rock brasileiro. Sepultura abriu os caminhos para muitas bandas latino-americanas.
Feliz dessa geração que chegou aos anos 1990 podendo bater no peito e dizer “nós temos o Sepultura”. Eu, particularmente, só fui conhecer Pantera depois do Sepultura.
A banda é um exemplo de evolução. Até nas crises, como na saída dos irmãos Max e Igor Cavalera, o Sepultura se fortaleceu, amadureceu e entregou novas e mais possibilidades.
E fez álbuns memoráveis, como Arise, Roots, Nation, Dante XXI, Kairos para ficar nos mais “conceituais”. Eu, por exemplo, amo “Schizophrenia” (1987) – é um disco premonitório.
Dentro da sua originalidade, a banda buscou se conectar com diversos elementos estéticos e culturais. E sem perder a fúria jamais.
No palco, nunca foram menos que incríveis. O meu primeiro show do Sepultura não poderia ser mais memorável: novembro de 1994, em Balneário Camboriú, no festival que reuniu Ramones, Sepultura e Raimundos.
Muitos se surpreenderam com o anúncio do fim, justamente neste que é considerado o melhor momento da banda. Sim, desde 2011, a banda vem de uma sequência primorosa de grandes álbuns, culminando com o fantástico “Quadra” de 2020 e “SepulQuarta” de 2021.
São raros os casos na história recente de artistas e ídolos que tiveram a resiliência e a maturidade para aproveitar o bom momento e “sair por cima”. Posso citar dois: Pelé, no futebol, e os Beatles, na música, com “Abbey Road”. E agora Sepultura.
Em 2013, Sepultura deu início à celebração dos 30 anos em Floripa
Vou resgatar aqui um vídeo de 2013, produzido por mim e pelo cineasta Marco Martins (da Vinil Filmes), sobre o show da banda em Floripa, por ocasião da turnê de promoção do álbum “The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart”.
O show na Life Club era o primeiro após uma parada de dois meses da banda.
Na ocasião, a cantora Emília Carmona conversou brevemente o guitarrista e fundador Andreas Kisser, que falou sobre o álbum (inspirado no clássico da ficção científica “Metrópolis”, de 1927, e dirigido pelo alemão Fritz Lang) e os preparativos da banda para a celebração dos 30 anos.
Kisser também falou sobre a relação com o público de Santa Catarina e os projetos da banda para festejar as três décadas. Aposentadoria, naquela época, não estava no horizonte.