Ave rara é registrada pela 5ª vez no Brasil por pesquisador em Florianópolis: ‘ganhei na loteria’


Cientista busca descobrir impacto das ações humanas no entorno da Lagoa da Conceição. Informações sobre a ave serão colocadas em artigo sobre a espécie. Registro da ave papa-lagarta-de-bico-preto em Florianópolis
Um pesquisador fez, em Florianópolis, o quinto registro no Brasil da ave rara papa-lagarta-de-bico-preto. Mateus Ribas encontrou o pássaro durante um estudo sobre os impactos das ações humanas no entorno da Lagoa da Conceição.
“Posso dizer que o registro dessa ave foi como ganhar na loteria”, disse o pesquisador, que é doutorando em farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
O estudo que Ribas faz é para medir o impacto na saúde das próprias pessoas, de outros animais e também do meio ambiente.
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Ele encontrou a espécie durante trabalho de campo realizado no fim de novembro, logo após um período de fortes chuvas em Santa Catarina. O registro foi divulgado pela UFSC na sexta-feira (8).
A captura de aves silvestres é realizada para a coleta de material biológico, tema mais direto da pesquisa de Ribas.
A ave papa-lagarta-de-bico-preto, de nome científico Coccyzus erythropthalmus, é migratória. Ela se reproduz na primavera e verão no Canadá e Estados Unidos e vai para a América do Sul quando é inverno no hemisfério Norte em busca de mais recursos, conforme o professor Guilherme Brito, coordenador do Laboratório de Ornitologia e Bioacústica Catarinense, que ajuda na captura das aves para o estudo.
Papa-lagarta-de-bico-preto encontrado por pesquisador da UFSC em Florianópolis
Débora Malu Marquato/Divulgação
O papa-lagarta-de-bico-preto, segundo ele, é reconhecido pela plumagem predominantemente marrom, com um ventre branco e uma listra vermelha ao redor dos olhos dos adultos. Apesar das raríssimas aparições no Brasil, não é um animal ameaçado.
“Sua capacidade de se adaptar a diferentes ambientes e sua ampla distribuição contribuem para a sua relativa estabilidade populacional na América do Norte”, comentou.
As informações que foram coletadas sobre a espécie em Florianópolis serão colocadas em um artigo, junto com contribuições de outros pesquisadores de outros estados, informou o professor. A ideia é publicar o documento em uma revista científica.
Estudo na Lagoa da Conceição
O estudo ocorre no Parque Municipal Natural das Dunas da Lagoa da Conceição e no Parque Estadual do Rio Vermelho. A ideia é avaliar se atividades humanas próximas à Lagoa da Conceição podem afetar os animais.
A pesquisa está relacionada a bactérias resistentes a antibióticos, que costumavam ser encontradas apenas em ambientes hospitalares.
“Com o avanço da urbanização, uso exagerado de antimicrobianos e vazamento de esgoto em ambientes naturais, hoje estas bactérias acabam atingindo diversos ambientes, como a Lagoa da Conceição e seu entorno, os oceanos e aqueles que interagem com estes ambientes, sejam pessoas ou animais”, disse Ribas.
A consequência disso, de acordo com ele, é que as bactérias resistentes podem estar em humanos e outros animais. Em casos de infecções, o tratamento pode se tornar difícil, mais caro e letal.
A ideia de estudar as aves surgiu porque são animais que interagem bastante com ambientes naturais e com ambientes urbanos. Com isso, podem se contaminar com micro-organismos humanos.
“[As aves] acabam levando estas bactérias para novas áreas e para novos hospedeiros. Por este motivo, estes animais são importantes sentinelas epidemiológicos da disseminação de bactérias resistentes aos antimicrobianos”, declarou.
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