SC tem queda em número de mortes por HIV, mas vê desafios em cidades pequenas e gestantes

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Nos últimos dez anos, Santa Catarina registrou queda de 30,7% no coeficiente de mortalidade por HIV/AIDS, que passou de 6,5 para 4,5 óbitos por 100 mil habitantes. O dado, celebrado por profissionais de saúde, revela algumas nuances sobre o tratamento da doença e diagnóstico no Estado.

Casos por HIV em Santa Catarina e a redução nas mortes

Dados mostram que Santa Catarina teve menos mortos por HIV/AIDS – Foto: Reprodução/Unsplash/ND

No entanto, é preciso cautela, aponta infectologistas. Isto porque Florianópolis segue com altas taxas de detecção da doença e municípios pequenos ainda veem desafio.

Mortes por HIV

De acordo com um boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (11) em 2022, o estado registrou 455 óbitos tendo o HIV ou a aids como causa básica, 7,8% menos do que os 494 óbitos registrados em 2012.

No entanto, segundo o Dr. Alexandre Naime Barbosa, médico infectologista e Professor da UNESP e Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, a doença não precisa mais ser uma sentença de morte.

Para isso, Barbosa explicou que, com o tratamento correto, é possível ficar com a carga viral da doença indetectável e não transmitir mais o vírus.

“É importante lembrar que quem faz o tratamento hoje em dia e tem carga viral indetectável tem a expectativa de vida igual a da população geral e não transmite mais HIV”, explica o infectologista.

Locais remotos

Questionada sobre a dificuldade de acesso ao tratamento para pessoas que moram em comunidades mais distantes e municípios pequenos do Estado, a médica infectologista Regina Valim, gerente de IST/HIV/AIDS e doenças infecciosas crônicas da Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina), disse que há planos para sanar o problema.

“Hoje, a nossa referência continua sendo as Unidades Básicas de Saúde, é lá onde as pessoas que vivem com HIV são tratadas. Para garantir o sigilo dos pacientes a gente têm feito capacitações para explicar a importância deste segredo para não comprometer o tratamento”, elenca.

Há municípios, como Santiago do Sul, o menor do Estado, localizado no Oeste catarinense, por exemplo, que acumulam apenas 1.651 habitantes. Por lá, há apenas uma unidade de saúde com 28 servidores no local. Entre eles dois médicos e dois enfermeiros.

Segundo a médica infectologista, todas as Unidades de Saúde de Santa Catarina tem hoje disponíveis a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), nela a pessoa toma medicamentos antes de se expor ao vírus de HIV.

A PrEP não protege contra outras infecções sexualmente transmissíveis, portanto, é comum combiná-la com o uso de preservativos para uma proteção mais abrangente.

Gestantes

Ainda segundo o estudo, a taxa de gestantes infectadas pelo HIV na capital catarinense é a segunda maior do país: 8,9 (casos por mil nascidos vivos).

No entanto, Valim lembra que se esse dado existe é porque testes são feitos e que, quanto maior a testagem, mais tratamento contra a doença pode ser oferecido.

Mortes por HIV diminuem e casos de gestantes aumenta

Médica destacou a importância do acompanhamento de gestantes com HIV – Foto: TV Brasil/Reprodução/ND

“O que a gente quer é que cada vez menos se diagnostique o HIV em uma fase avançada da doença. Portanto, a gestante tem que ser diagnosticada ou antes, ou preferencialmente nos primeiros meses de gravidez. Quando eu faço o diagnóstico de uma grávida e ela está ganhando o bebê o tratamento fica muito mais difícil e essa é a verdadeira dificuldade”, conta.

Faltam campanhas

Para Letícia de Assis, que é ativista e vive com HIV desde 2017, faltam campanhas claras contra a doença.

“As campanhas de prevenção ao HIV e combate à AIDS precisam ser mais eficientes. Principalmente os jovens, necessitam de informação direta e clara. Essa geração não tem paciência para informação truncada e, nesse ponto, o poder público municipal, estadual e nacional ainda não encontrou o tom correto para dialogar com essas populações”, critica.

Para ela, muitas pessoas nunca ouviram falar de Prep e PEP e não fazem ideia do que é se relacionar com alguém vivendo com HIV e que, dá sim, para esta pessoa não transmitir mais a doença.

E você, sabe o que é Prep e Pep?

PrEP (Profilaxia Pré-Exposição):

O que é: A PrEP envolve o uso regular de medicamentos antirretrovirais por pessoas que não têm o HIV, mas que estão em maior risco de contrair o vírus.

Como funciona: Ao tomar esses medicamentos regularmente, a PrEP ajuda a bloquear a replicação do HIV no organismo, reduzindo a chance de se estabelecer uma infecção se houver exposição ao vírus.

Uso: Geralmente, a PrEP é administrada na forma de um comprimido oral diário. Existem também protocolos alternativos, como a PrEP sob demanda, dependendo das circunstâncias e orientações médicas.Indicação: Recomendada para pessoas em situações de alto risco, como casais sorodiscordantes, profissionais do sexo, pessoas que injetam drogas e outras populações vulneráveis.

PEP (Profilaxia Pós-Exposição):

O que é: A PEP é uma estratégia de prevenção do HIV destinada a pessoas que foram expostas ao vírus, geralmente em situações de exposição de risco ocupacional, acidentes com agulhas ou relações sexuais desprotegidas com um parceiro soropositivo ou de status desconhecido.

Como funciona: Consiste no uso de medicamentos antirretrovirais por um curto período de tempo (geralmente 28 dias) após a exposição ao HIV, com o objetivo de impedir a infecção.

Uso: Deve ser iniciada o mais rápido possível após a exposição, idealmente nas primeiras 72 horas, pois sua eficácia diminui com o tempo.

Indicação: Recomendada em situações de exposição recente ao HIV, como acidentes ocupacionais, violência sexual ou relações sexuais desprotegidas com um parceiro de alto risco.

A informação e a educação sobre práticas sexuais seguras, redução de riscos e tomada de decisões conscientes são componentes essenciais da prevenção combinada.

A prevenção combinada reconhece a diversidade de situações e comportamentos, adaptando as estratégias de prevenção para atender às necessidades específicas de diferentes populações e comunidades. Essa abordagem holística visa abordar os fatores biológicos, comportamentais e sociais que contribuem para a disseminação do HIV.

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