Descarte de remédios vencidos aumenta mais de seis vezes na rede municipal de Piracicaba


Segundo a prefeitura, a redução nos atendimentos da rede básica e aumento nos de urgência e emergência afetaram estoque de remédios recebidos durante a pandemia, que venceram em 2023. ARQUIVO: medicamentos
Reprodução/Pexels
A quantidade de medicamentos descartados por validade vencida na rede municipal de saúde de Piracicaba (SP) aumentou mais de seis vezes após a pandemia da Covid-19. Segundo a prefeitura, a redução nos atendimentos da rede básica e aumento nos de urgência e emergência afetaram estoque de remédios recebidos, que venceram em 2022 e 2023.
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Os dados foram obtidos pelo g1 por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), e mostram que foram mais de 1,8 milhão de remédios descartados somente em 2023.
A contagem inclui ampolas, frascos, comprimidos individuais, cartelas e cápsulas, sendo que a maioria, 1,2 milhão, são comprimidos. Em 2022, foram 280,1 mil medicamentos descartados ao todo.
Segundo a prefeitura, a quantidade de medicamentos planejada é elaborada de acordo com o consumo dos últimos 12 meses e não é possível prever os eventos futuros que possam influenciar na política de estoque dos remédios – como uma pandemia, por exemplo.
“Os medicamentos vencidos em 2022 e 2023 foram recebidos pouco antes ou durante a pandemia da Covid-19, e considerando que a média de tempo de validade de medicamentos é de 24 meses, com a diminuição de consumo, estes venceram neste período”, diz a nota oficial.
Ainda conforme o levantamento feito a pedido da reportagem, entre os medicamentos estão antibióticos, anticoncepcionais, remédios usados na urgência e emergência, receitados em consultas da rede básica e outros.
Foram 20 tipos de medicamentos descartados em 2022 e 22 em 2023, segundo o levantamento. Veja na tabela, separado por tipo 👇:

O remédio mais descartado este ano foi “Carvedilol 12,5 mg”, que teve 628.140 comprimidos vencidos. “Ibuprofeno 600 mg” vem na sequência, com 514.560 cápsulas descartadas por validade vencida.
Nesses dois casos em específico, a prefeitura informou que os medicamentos foram incorporados à Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remume). E que, por isso, não há consumo anterior e a programação de entrega foi feita de acordo com a estimativa de consumo informada por uma comissão, mas foi menor do que o estimado.
Comprimidos
Hal Gatewood/Unsplash
Justificativas
Além do caso dos remédios que foram incluídos no Remume, a prefeitura informou que o estoque de medicamentos pode ser influenciado por vários fatores:
Medicamentos urgência e emergência: em 2020 e 2021 houve aumento de consumo desses medicamentos por conta da pandemia, o estoque foi aumentado, mas em 2022 o consumo voltou à normalidade.
Medicamentos de especialidades: dispensados na farmácia do Centro de Doenças Infectocontagiosas, ou administrados no local, conforme prescrição. Segundo a prefeitura, o consumo é muito variável, o que compromete o planejamento.
Medicamentos da Atenção Básica: houve diminuição dos atendimentos médicos eletivos durante a pandemia e, com isso, diminuição das prescrições de medicamentos.
Antibióticos: houve diminuição das doenças infectocontagiosas durante o isolamento social.
Outros: diminuição dos atendimentos médicos eletivos durante a Covid-19, com diminuição das prescrições de medicamentos.
O que diz a prefeitura
A Secretaria de Saúde informou que nos editais de compra de medicamentos exige que os medicamentos sejam entregues com validade acima de 80%, para tentar minimizar os impactos com perdas.
“Quanto aos medicamentos recebidos por meio dos programas da Secretaria de Estado da Saúde, muitos já chegam ao município com validade muito próxima ao vencimento. Quando há necessidade, os medicamentos são descartados seguindo protocolos e orientações do Ministério da Saúde”, diz prefeitura.
A Saúde também informou que trabalha com a população o uso consciente de medicamentos em todas as unidades e farmácias que fazem a dispensação de medicamentos.
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