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Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, número de mortes passou de 55 em 2012 para 18 em 2021. Avanço da medicina, aumento de testagens e incentivo à prevenção ajudaram, diz especialista. Dezembro é o mês de combate à Aids
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Dados da Gerência de Vigilância Epidemiológica do Programa Estadual de IST/AIDS da Secretaria da Saúde de São Paulo mostram que Ribeirão Preto (SP) registrou a maior queda na taxa de mortalidade por Aids no estado em dez anos.
Em 2012, foram 55 óbitos, contra 18 em 2021. A taxa de mortalidade no comparativo caiu de 8,9 para 2,6 óbitos a cada 100 mil habitantes. Em uma década, 376 pessoas morreram com a doença na cidade (veja nos gráficos abaixo).
Atrás de Ribeirão Preto aparecem Jacareí (68,8%), Francisco Morato (67,9%) e Araçatuba (66,4%).
No estado de São Paulo inteiro, a média da taxa de mortalidade em 2021 a cada 100 mil habitantes foi de 3,8 e ocorreram 1.719 óbitos relacionados à Aids.
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Na opinião do médico infectologista Henrique Dib Oliveira Reis, a redução é reflexo de fatores como o avanço da medicina, o aumento das testagens e o incentivo às diversas formas de prevenção.
De 2012 a 2021, Ribeirão Preto registrou 1.325 novos casos da doença, sendo que o ano com o menor número foi 2020, quando foram relatados 83 pacientes positivos.
Avanço no tratamento
Dezembro é o mês mundial dedicado à conscientização sobre a doença. Henrique Dib Oliveira Reis atua na Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas (UETDI) do Hospital das Clínicas (HC) em Ribeirão Preto e explica que o desenvolvimento no tratamento é um dos fatores que justificam a queda.
“Hoje tem medicações que são bem mais toleradas, menos números de comprimidos e menos efeitos colaterais. Isso facilita o tratamento e se a pessoa se trata de forma adequada, consequentemente, ela não adoece”, diz.
Segundo o médico infectologista, atualmente, o tratamento é conhecido por Terapia Antirretroviral (Tarv). A nomenclatura foi dada pela classificação biológica do HIV, que é chamado de retrovírus.
O avanço nas tecnologias na área da saúde possibilitou que o tratamento anteriormente realizado com diversos comprimidos pudesse ser feito hoje com até mesmo um comprimido. Dentro dele, dois ou três componentes suficientes.
“É o antigo coquetel, a gente tende a não usar esse termo porque ele traz na palavra um pouco de estigma. Dá a impressão que são vários medicamentos, cinco, seis, sete, como era realmente antigamente”.
Atualmente os medicam utilizam a Terapia Antirretroviral (Tarv) nos pacientes que vivem com HIV
Hal Gatewood/Unsplash
Os medicamentos utilizados na Tarv (Terapia antirretroviral) são fornecidos no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1996, quando a terapia foi instituída, o que aumenta o alcance e democratiza o tratamento.
Centros de testagem
O aumento de centros especializados e de testagem também contribuem para a diminuição no número de casos, segundo o especialista. “Para o paciente chegar a ser atendido é muito mais fácil do que há 10 anos”, diz Reis.
O município de Ribeirão Preto conta com cinco Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) que são Serviços de Atendimento Especializado (SAE). Eles estão nas zonas Norte, Sul, Leste, Oeste e Central, além da Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas (UETDI).
“No CTA é feita a triagem, então o paciente ele pode, se ele quiser, fazer exames. É só ele procurar, sem encaminhamento prévio nenhum, a recepção de algum desses CTAs e ele vai ser direcionado. A maioria tem disponibilidade de testes rápidos”, afirma o médico infectologista.
Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) trabalham no diagnóstico e tratamento
Raiza Milhomem/Secom Palmas
O resultado do teste sai no máximo em uma hora e caso venha positivo, o paciente é direcionado para agendar a consulta e iniciar o tratamento o mais rápido possível. A testagem de forma regular ajuda no diagnóstico precoce e, por consequência, no tratamento.
Nesses centros são oferecidos além da testagem, atendimento, tratamento e acompanhamento de cada paciente. Apenas os casos mais complexos são encaminhados para a unidade especial do Hospital das Clínicas.
Mandala de prevenção
O avanço da medicina e o desenvolvimento de novas formas de prevenção são importantes na queda dos números. Atualmente, é recomendado que se use os métodos de prevenção de forma associada, denominada pelos médicos de ‘Mandala de Prevenção’.
“Quando a gente fala de preservativo, e aí entra tanto o preservativo masculino (externo) quanto o feminino (interno), é uma das formas de prevenção. Outra forma são as profilaxias, que pode ser pós-exposição ou pré-exposição”.
A mandala pode ser acessada de forma mais detalhada pela internet.
Mandala de Prevenção se refere ao uso de forma associada de diferentes métodos de prevenção
Foto: Gov.br
O médico infectologista Henrique Dib Oliveira Reis explica o que são as profilaxias pós-exposição (Pep) e pré-exposição (Prep).
Profilaxia pós-exposição (Pep): é aquela indicada para o indivíduo que considera que teve uma relação de risco, com ou sem preservativo. O indivíduo tem até 72 horas para procurar um atendimento de referência e iniciar uma profilaxia. Uma medicação que você usa por 28 dias e reduz a chance de você adquirir o vírus em 100%.
Profilaxia pré-exposição (Prep): até 2021 era indicado apenas para alguns grupos específicos. São eles: profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homem, transexual, travestis e parcerias sorodiscordantes (aquelas onde um dos parceiros convive com o vírus HIV e o outro não). Atualmente qualquer pessoa pode fazer a profilaxia que consiste em tomar um comprimidio diário. Caso o indivíduo tenha contato com o vírus em uma relação, ele impede o desenvolvimento da infecção.
Além disso, o uso de lubrificante é um recurso que pode reduzir bastante a chance de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como o vírus HIV.
“Em uma relação que você usa o lubrificante, você tem menos trauma e menos chance de ter contato de secreção e menos chance de ter laceração, machucadinhos, que são o que realmente faz a transmissão”.
O Ministério da Saúde voltou a distribuir o produto. A previsão é de que até o final de 2024 mais de 32 milhões de unidades sejam entregues à população pelo SUS.
*Sob supervisão de Thaisa Figueiredo
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