Com mais de 14% do território explorado pela pecuária, Acre está em faixa com maior desmatamento pela atividade na Amazônia


Levantamento do MapBiomas Amazônia mostra que derrubada de vegetação para pastagem é o principal vetor de desmatamento em metade da América do Sul. Pesquisa abrange o chamado “Arco do Desmatamento”, que se estende entre o Acre, Pará, Mato Grosso e Rondônia, que teve avanço na abertura de pastos. Acre teve 14,5% do território (área em amarelo) utilizados para pecuária em 2022, segundo painel do MapBiomas Amazônia
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Com mais de 14% do território explorado pela pecuária, o Acre é um dos locais que compreendem o “Arco do Desmatamento”, que se estende, além do estado, entre Pará, Mato Grosso e Rondônia, apontada como região de maior desmatamento na Amazônia Legal, e que teve avanço na conversão de florestas em pasto. Isto é o que aponta um levantamento do MapBiomas Amazônia, apresentado nesta sexta-feira (8) durante a COP 28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com dados sobre todos os países abrangidos pelo bioma.
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Conforme o mapeamento, a pecuária é o principal vetor do desmatamento em metade da América do Sul nos últimos 37 anos. Entre 1985 e 2022, dos 86 milhões de hectares de vegetação natural desmatados no território analisado, 84 milhões foram convertidos em áreas agropecuárias e de silvicultura, com destaque para pastagem, que ocupa 66,5 milhões de hectares da área desmatada.
“O desmatamento atinge prioritariamente a floresta: apenas 6 milhões de hectares desmatados no período eram de formações não florestais. Por isso, embora o levantamento mostre que 81,4% da Amazônia ainda estejam cobertos por vegetação natural, apenas 73,4% são florestas – percentual que já está dentro da faixa estabelecida pela ciência como limite para que a Amazônia se mantenha ou se recupere, evitando o processo de savanização na região”, afirma o estudo.
Uso do território
Uso da terra para pecuária cresceu em 442% entre 1985 e 2022 no Acre
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Conforme dados disponibilizados pelo braço internacional do MapBiomas Amazônia, o Acre tem mais de 2,37 milhões de hectares ocupados por área de pastagem para pecuária, o que representa 14,5% do território total.
Em 1985, essa ocupação era de 438.426 mil hectares, o que equivalia a 2,67% do território. Portanto, é possível verificar que o uso do território para essa atividade cresceu mais de 442% em 37 anos.
Por outro lado, a cobertura do território por bosques naturais era de mais de 15,8 milhões de hectares em 1985, 96% do território, e caiu para 13,9 milhões de hectares, o equivalente a 85% do território.
“As imagens de satélite mostram claramente que a conversão de florestas em pastagens é mais forte no Brasil – notadamente no Arco do Desmatamento, que vai do Pará ao Acre, passando por Mato Grosso e Rondônia e entrando pelo sul do estado do Amazonas. O mesmo pode ser observado no oeste da Amazônia na Colômbia e Venezuela. Já na Bolívia, o desmatamento abriu uma grande área agrícola no departamento de Santa Cruz, no sul da bacia amazônica. Enquanto em outros países amazônicos, como o Peru, predominam outros padrões de uso, que são constituídos por uma associação heterogênea de áreas agropecuárias”, destaca o estudo.
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