Por que catarinenses renegociaram poucas dívidas pelo programa Desenrola

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Com números abaixo da média nacional, Santa Catarina ficou fora do ranking de maiores renegociações feitas pelo Desenrola. Os dados são do balanço do Governo Federal divulgado na última quarta-feira (6).

Economistas ouvidos pelo ND+ avaliaram as possíveis razões para três indicadores apontarem que catarinenses recorreram menos ao recurso

Imagem mostra pessoa entregando cartão de crédito para outra pessoa que segura uma máquina de cartão, Desenrola é um programa de renegociação de dívidas, que abrange as de cartão de crédito

Cidades de SC ficaram fora de top 30 municípios com mais renegociações do Desenrola – Foto: Energepiccom/Pexels/Divulgação/ND

Nenhuma cidade catarinense ficou no ranking de 30 cidades que mais renegociaram. Além disso, Florianópolis ficou em 22º lugar entre as capitais brasileiras com maior valor em renegociação: 3,348 dívidas renegociadas.

Santa Catarina negociou cerca de R$ 1,2 milhões em dívida na fase 2 do Desenrola. O número é baixo em comparação com outros estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que renegociaram R$ 132 milhões cada.

Dificuldade em utilizar o Desenrola pode justificar baixa, sugere economista

Segundo a economista Jani Floriano, professora da Univille, um dos motivos para a baixa negociação pelo Desenrola pode ser a falta de conhecimento e dificuldade para atingir os critérios necessários para renegociar a dívida.

“Uma pessoa com baixo grau de instrução tecnológica [que queira renegociar a dívida] ela precisa ter uma conta no GOV, que tem que ser no nível prata ou nível ouro, e pra ter isso ela tem que fidelizar com algum banco ou então tem que mandar alguma documentação.

“Primeiro motivo, a dificuldade tecnológica. As pessoas precisam, mas elas sentem dificuldade de conseguir chegar ao nível de acesso do GOV, que é o nível de acesso que tem que ser lá no nível ouro ou prata”, exemplificou.

“Obstáculos que acabam, às vezes, prejudicando as pessoas a chegarem nesse nível pra conseguir aderir ao Desenrola”, sugere.

Ainda conforme a economista, mesmo que o programa seja amplamente divulgado, pode existir uma falta de conhecimento sobre ele.

Já o economista João Sanson, professor aposentado da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) opinou que talvez poucos devedores catarinenses precisem do programa, em função do alto número de geração de empregos em Santa Catarina e as consequentes melhores condições para quitar dívidas.

“Parece que SC gerou mais empregos do que outros estados. Nesse caso, as pessoas em situação de inadimplência tenham melhores condições de renegociarem suas dívidas”, avaliou.

Condições de renegociação

A segunda fase do Desenrola contempla negociações de dívidas negativadas de 2019 a 2022, e cujo valor, atualizado, seja inferior a R$ 20 mil.

Também estão incluídas dívidas bancárias, como cartão de crédito, e as contas atrasadas de outros setores, como energia, água e comércio varejista.

Segundo o balanço federal, em Florianópolis, o valor original das dívidas era de R$ 17 milhões e caiu para R$ 2,2 milhões.

4 em cada 5 famílias de SC estão endividadas antes do Natal, aponta CNC

No entanto, uma pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) apontou que quatro em cada cinco famílias de Santa Catarina estavam endividadas em novembro, um mês antes do Natal.

Os dados são da PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor). Conforme a pesquisa, cerca de 79% das famílias catarinenses estavam endividadas em novembro.

O percentual significa que 159 mil famílias de SC não conseguiam pagar as contas no período.

A pesquisa do CNC mostrou que cerca de 25,5 mil famílias não terão condições de pagar as contas em dezembro. Em comparação com o mesmo período de ano passado, quando 14 mil estavam nessa situação, o número aumentou em 11 mil famílias.

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