O que se sabe sobre brasileira presa na Espanha por acusação no interior de SP


Aline Fernanda de Siqueira Maschietto foi presa pela Guardia Civil na terça-feira (12) em Málaga. Paradeiro foi descoberto depois que ela denunciou suposto crime na Europa. Brasileira acusada por tentativa de homicídio em Ribeirão Preto é presa em Málaga
A polícia da Espanha comunicou na terça-feira (12) a prisão de uma brasileira em Málaga, na costa Sul da Espanha, acusada de um crime praticado em março de 2022 em Ribeirão Preto (SP). No fim de novembro deste ano, a Justiça de São Paulo expediu novo mandado de prisão contra ela e pediu à Interpol que o nome fosse inserido na Difusão Vermelha.
Nesta quarta-feira (13), a foragida deve ser levada à Madri, onde deverá passar por uma audiência e para que sejam dados os primeiros passos para a extradição ao Brasil.
Procurada pelo g1, a defesa disse que não foi oficialmente informada da prisão da ré na Europa e aguarda o início da fase de instrução da ação no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Segundo o defensor, até o momento, nenhum contato com a acusada ou com familiares dela havia sido feito.
Nesta reportagem, o g1 mostra quem é a brasileira Aline Fernanda de Siqueira Maschietto, por qual crime ela é acusada no Brasil e como foi descoberta na Espanha.
Quem é a brasileira presa?
Por qual crime ela é acusada?
Desde quando ela estava foragida?
Como a Justiça de São Paulo descobriu o paradeiro?
Como a brasileira foi presa?
Quando a acusada deve chegar ao Brasil?
Aline Fernanda de Siqueira Maschietto é acusada em Ribeirão Preto, SP, de tentativa de homicídio
Reprodução
1.Quem é a brasileira presa?
Aline Fernanda de Siqueira Maschietto é natural de Maringá (SP) e tem 37 anos. Na época em que estava em Ribeirão Preto (SP), ela se apresentava como empresária do ramo de roupas e morava em um flat na zona Leste da cidade.
2.Por qual crime ela é acusada?
Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Aline é acusada em Ribeirão Preto de tentativa de homicídio doloso, quando há intenção, por motivo torpe e meio que dificultou a defesa da vítima.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Aline conheceu um estudante em 2021 em Ribeirão Preto por meio de um aplicativo de relacionamentos e os dois chegaram a se encontrar no mesmo ano. Em seguida, a empresária viajou ao exterior, permanecendo um tempo no México.
Os dois mantiveram contato e, em março de 2022, no retorno dela ao Brasil, o casal resolveu se encontrar no flat dela, na Avenida Presidente Kennedy, zona Leste de Ribeirão Preto. O reencontro aconteceu em 3 de março, quando os dois passaram a noite juntos. Na tarde do dia seguinte, ainda no apartamento, o estudante resolveu convidar uma garota de programa para se juntar ao casal. A mulher foi ao local e ficou cerca de 15 minutos.
Ainda de acordo com a denúncia da Promotoria, depois que a garota de programa deixou o flat, Aline começou a brigar com o companheiro, motivada por ciúmes. Ela o agrediu fisicamente com chutes e socos. Em seguida, Aline se apossou de duas facas de cozinha e passou a atacar o rapaz.
Mulher que denunciou abuso na Espanha é acusada de tentativa de homicídio em hotel de Ribeirão Preto
Reprodução/ Google Street View
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) atesta que o homem sofreu cortes nos braços. A denúncia mostra que o homem conseguiu se desvencilhar da agressora e correu para pegar as chaves do carro, o celular, e deixar o apartamento, mas foi impedido.
Neste momento, de acordo com a promotoria de Justiça, Aline esfaqueou o rapaz nas costas e nos ombros.
Um funcionário do flat testemunhou à Polícia Civil. Ele contou que ouviu gritos vindos do apartamento e que outros hóspedes começaram a reclamar do barulho. Ao chegar ao imóvel, o funcionário disse que iria arrombar a porta e ouviu um homem dizer: “arromba porque ela vai me matar”.
A testemunha contou à polícia que ao arrombar a porta, encontrou o homem segurando Aline pelos braços na tentativa de se defender. O funcionário relatou que havia duas facas com sangue jogadas no chão. A segurança do prédio foi chamada e o casal foi separado. A Polícia Militar e os bombeiros também foram chamados, mas Aline dispensou atendimento médico.
A vítima foi levada a um hospital, onde passou por cirurgia e permaneceu 10 dias internado, sendo cinco deles na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Segundo a denúncia, por causa de uma infecção, o homem precisou voltar à UTI por mais quatro dias.
De acordo com a perícia, as lesões corporais sofridas foram de natureza grave, oferecendo risco de vida à vítima, bem como causaram deformidade estética permanente.
3.Desde quando ela estava foragida?
Em julho de 2022, com base no inquérito da Polícia Civil, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Aline, que foi aceita pela Justiça de Ribeirão Preto. Dessa forma, a empresária virou ré por tentativa de homicídio doloso, quando há intenção de matar, por motivo torpe e meio que dificultou a defesa da vítima.
Desde o crime no flat, segundo a denúncia, Aline se mudou do local e não informou o novo endereço às autoridades. Por várias vezes, a Justiça tentou citá-la na ação processual, mas de forma frustrada porque ela nunca foi encontrada. Ela também não instituiu defesa para acompanhar o caso.
Em agosto de 2022, o Ministério Público pediu e a Justiça determinou que ela fosse citada por meio de edital publicado no Diário de Justiça Eletrônico, com prazo de 15 dias para que Aline se manifestasse.
A tentativa em vão de comunicação com a ré levou o MP a pedir a suspensão a suspensão do processo e do prazo de prescrição, além da prisão preventiva da acusada.
O mandado de prisão contra Aline foi expedido no dia 27 de outubro de 2022 e ela passou a ser procurada pela Justiça.
Polícia Municipal de Madri, na Espanha
Reprodução/ Google Street View
4.Como a Justiça de São Paulo descobriu o paradeiro de Aline?
No início de novembro deste ano, uma brasileira denunciou à polícia na Espanha que havia sido estuprada por três homens em Madri. Entre os suspeitos estava o advogado Cándido Varela, filho do presidente da Suprema Corte do país. O caso ganhou repercussão na imprensa internacional e o nome de Aline passou a estampar os jornais.
Os três homens chegaram a ser presos, mas foram liberados depois que imagens de câmeras de segurança apresentadas pelas defesas se mostraram divergentes das informações prestadas pela vítima.
Ainda segundo a imprensa internacional, um laudo médico descartou lesões no órgão genital da brasileira. Aline retirou a queixa, sob a justificativa de que não estava mentalmente bem porque havia bebido.
Com o destaque dado pela imprensa internacional à denúncia de estupro, veio à tona a informação de que Aline era procurada pelas autoridades brasileiras.
5.Como a brasileira foi presa?
No fim de novembro, ao tomar conhecimento de que Aline estava vivendo na Espanha, a Justiça de São Paulo expediu novo mandado de prisão e pediu que o nome dela fosse incluído na Difusão Vermelha da Interpol. Desta forma, a brasileira passaria a integrar uma lista de procurados e poderia ser presa em qualquer um dos países colaborativos.
O governo da Espanha, de posse de informações sobre a ordem de prisão, montou uma operação para prendê-la.

Acusada de crime em Ribeirão Preto, Aline Fernanda de Siqueira Maschietto foi presa em Málaga, no litoral da Espanha
Guardia Civil Mº Interior
Nesta terça-feira (12), a Guardia Civil, órgão vinculado ao Ministério do Interior da Espanha, localizou a brasileira em Málaga, na costa Sul do país. Segundo a assessoria da Unidade Central Operativa da Direção Geral da Guarda Civil, Aline foi presa ao sair da casa onde estava vivendo com uma amiga e não ofereceu resistência.
Aline deve seguir nesta quarta-feira (13) para Madri. De acordo com as autoridades, ela ficará à disposição da Justiça local, que fará o contato com o Ministério da Justiça brasileiro para tratar sobre o processo de extradição.
6.Quando a acusada deve chegar ao Brasil?
Ainda não há uma data para que Aline volte a Ribeirão Preto.
A Secretaria Nacional de Justiça, órgão do Ministério da Justiça no Brasil, por meio do Departamento de Estrangeiros, tem a responsabilidade de formalizar os pedidos de extradição com a apresentação da documentação.
O processo é um ato de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pessoa, investigada, processada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama.
Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores encaminha o pedido ao Estado onde se encontra o foragido da justiça brasileira, ou diretamente à Autoridade Central do respectivo país, quando permitido em acordo.
A prisão preventiva do procurado é mantida antes mesmo do pedido de extradição ser formalizado no exterior para evitar qualquer risco de fuga.
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