Jabuti premia obra de coletivo de autores catarinenses

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Pensaram que Santa Catarina ficaria só no “quase” no 65º prêmio Jabuti de literatura? Pois tivemos sim autores daqui vencedores na edição deste ano.

“Finnegans Rivolta“, tradução integral de “Finnegans Wake”, do autor irlandês James Joyce, organizado por Dirce Waltrick do Amarante e cotraduzido com o Coletivo Finnegans, levou o prêmio na categoria Tradução.

O Coletivo Finnegans é formado por Afonso Teixeira Filho, André Cechinel, Andréa Buch Bohrer, Aurora Bernardini, Daiane Oliveira, Dirce Waltrick do Amarante, Fedra Rodríguez, Luis Henrique Garcia, Tarso do Amaral, Vinícius Alves e Vitor Alevato do Amaral.

“Finnegans Rivolta”, tradução integral de “Finnegans Wake”, do autor irlandês James Joyce, organizado por Dirce Waltrick do Amarante e cotraduzido com o Coletivo Finnegans, levou o prêmio Jabuti de literatura na categoria Tradução – Foto: Editora Iluminuras/Divulgação

Tivemos também outros dois catarinenses finalistas do Jabuti deste ano: o jornalista Celso Vicenci, que concorreu com o livro “Voar na imaginação” (Arte Editora) na categoria Infantil, e a jornalista formada pela UFSC, Juliana Dal Piva, com a obra “O Negócio de Jair: a história proibida do Clã Bolsonaro” (Ed Zahar), na categoria Biografia e Reportagem.

Embora não tenham conquistado os prêmios, as duas obras já entram para o rol das cinco melhores do ano em suas respectivas categorias.

Dirce, Andréa, André, Vinicius e Fedra são de Santa Catarina. Aliás, toda a concepção foi por aqui sob a organização de Dirce que tem uma história de longa data de pesquisas e traduções com a obra de James Joyce.

As ilustrações e a arte da capa são de Sérgio Medeiros e obra saiu pela Editora Iluminuras.

O livro foi publicado com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução e da Literature Ireland.

Dirce Waltrick foi finalista do Jabuti em outras edições

Em conversa como blog, Dirce conta que já havia sido finalista do Jabuti em outras duas ocasiões: com o livro “Par ler Finnegans Wake de James Joyce” (Ed Iluminuras), na categoria ensaio, e com “Cartas a Nora”, na categoria tradução (este em parceria com Sérgio Medeiros).

Dirce Waltrick do Amarante, organizadora do livro – Foto: Janine Turco/Divulgação/ND

O prêmio vem coroar um trabalho já de longa data, que Dirce conta mais na entrevista abaixo.

Conte um pouco da jornada do livro até o Jabubi?

Dirce Waltrick do Amarante – O projeto de uma tradução coletiva de “Finnegans Wake ” é antigo. Quando comecei a estudar Joyce e mais especificamente esse romance/poema, no início dos anos 2000, percebi que era um projeto que tinha tudo a ver com o “that” coletivo.

Primeiro, porque o grande protagonista do romance é alguém conhecido como HCE, “Here Comes Everybody”, todos estão incluídos (numa interpretação mais abrangente).

Segundo, porque o romance narra a “história da humanidade”, segundo o autor, e, para ele, a história era como a brincadeira do telefone sem fio, ou seja, um conta algo no ouvido do outro e no final surge uma história nova.

A proposta era cada tradutor contar sua versão da história, pois traduzir é antes de tudo ler e interpretar, e nunca há, pelo menos nas ciências humanas, uma única interpretação para os fatos.

Gestei esse projeto de tradução coletiva por muito tempo, mas queria achar o grupo certo. E, por fim, achei. É um grupo heterogêneo: formações diferentes, gerações diferentes, mas todos entusiastas das vanguardas.

Trabalhar em grupo é algo que o Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução sempre incentivou. Sou também professora do Curso de Artes Cênicas, no qual o trabalho em equipe é uma constante. É importante o coletivo, todos os coletivos! No que tange à tradução, não acredito que seja um trabalho isolado.

O que esse prêmio representa não só para essa obra, mas também para o trabalho dos autores?

Dirce – Prêmios dão visibilidade ao trabalho, à proposta de trabalho. Não é a primeira vez que sou premiada por trabalhos que envolvem tradução e James Joyce – tenho alguns livros publicados a respeito do autor e de sua obra.

Mas é a primeira vez que sou premiada coletivamente e isso me deixa bastante Feliz. São todos tradutores de vanguardas.

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