Livro resgata a produção de grande cronista de Paulo da Costa Ramos

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“Este livro é uma maravilhosa fita métrica da evolução do meio e da mensagem através do tempo”. Esta definição estava num pequeno texto escrito que o irmão Sérgio, também um gênio da crônica, trazia no bolso da camisa, prevendo que seria entrevistado, falando de Paulo da Costa Ramos, o jornalista que lançou na noite de segunda-feira (11), no Beira-Mar Shopping, em Florianópolis, a coletânea “Outros tempos” (Neo Vox, 232 pág., R$ 50).

Livro de Paulo da Costa Ramos foi lançado no Beira-Mar Shopping – Foto: LEO MUNHOZ/ND

O livro reúne textos escritos durante 70 anos e publicadas originalmente em jornais impressos, em especial “O Estado”, onde o autor foi colunista e editor do caderno cultural até o início da década de 1970.

O lançamento, realizado no Jazzinn Gastrobar, reuniu um grande número de amigos de Paulo da Costa Ramos, jornalistas que trabalharam com ele, contemporâneos de escola e pessoas que aprenderam a admirar seus textos.

“Ele inovou a crônica local falando de temas do cotidiano, rompendo a tradição que privilegiava as notas e os artigos opinativos”, diz seu colega de redação Raul Caldas Filho, que também militou em “O Estado”.

“Paulo seguiu a linha de Rubem Braga, que todos admiravam e ainda admiram”, afirma Marcílio Medeiros Filho, outro nome de destaque do jornalismo da Florianópolis de meio século atrás.

Lançamento, realizado no Jazzinn Gastrobar, reuniu um grande número de amigos de Paulo da Costa Ramos – Foto: LEO MUNHOZ/ND

No lançamento, os autógrafos eram feitos pelo genro do autor, o publicitário Fábio Veiga, que organizou a edição, enquanto Paulo, com algumas dificuldades de audição, fazia uma rubrica para quem adquiria o livro. Mesmo assim, ele sorria para todos e cumprimentava um a um, satisfeito com o resgate que fazia de parte de sua longa produção e com a grande afluência de público no evento.

O presidente do jornal “O Estado”, José Matusalém Comelli, e os jornalistas Luiz Henrique Tancredo e Moacir Pereira também estiveram presentes na sessão de autógrafos, assim como políticos, ex-prefeitos e ex-vereadores da Capital,

O jornalista Rogério Martorano entregou ao autor uma homenagem na qual ressaltou o seu talento, colocando-o “na constelação dos melhores profissionais da imprensa brasileira”. Amigos de Paulo lembraram que ele e o irmão Sérgio – cronista do ND – herdaram o dom da escrita do pai Rubens de Arruda Ramos e do tio Jaime de Arruda Ramos, adversários políticos na época do PSD (Partido Social Democrático) e da UDN (União Democrática Nacional).

Marcílio Medeiros Filho destacou que PCR, como é conhecido, atuou junto a vários governos estaduais, ajudando nas gestões de Celso Ramos, Esperidião Amin e Antônio Carlos Konder Reis. E contou que a ideia de reunir as crônicas num livro surgiu num dos almoços que a confraria de ex-jornalistas da qual ele faz parte realiza todas as sextas-feiras no Mercado Público de Florianópolis.

“Ele fazia crônicas mais literárias, na linha de Rubem Braga, Fernando Sabino e do catarinense Ilmar Carvalho”, reforça Raul Caldas Fº. No livro “Outros tempos” aparecem textos sobre viagens (Paulo da Costa Ramos teve durante muitos anos uma importante agência de turismo na cidade), futebol, comportamento e coisas de Florianópolis.

Sérgio da Costa Ramos escreveu que o irmão “atravessou quatro gerações escrevendo no tempo do telex, do fax e do computador, até os dias de hoje – jovem como o que convivi na infância”. O único livro publicado anteriormente por PCR foi “O jóquei da paz”, em 1971.

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