Investigação apura infiltração do PCC no Corinthians

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) abriu uma investigação para apurar possíveis conexões entre o Corinthians e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O caso ganhou força após declarações de Romeu Tuma Jr., presidente do Conselho Deliberativo do clube, que afirmou em 14 de agosto que “o crime organizado se infiltrou” no Timão e relatou estar sofrendo ameaças por conta das denúncias.

A Promotoria apura não apenas o uso de cartões corporativos e as despesas da presidência do clube, mas também indícios de aproximação com integrantes PCC.

De acordo com o promotor Cássio Roberto Conserino, há indícios de que jogadores do elenco tenham se hospedado em um apartamento pertencente a José Carlos Gonçalves, o Alemão, apontado em outras investigações como integrante de alto escalão do PCC. O imóvel fica no bairro Anália Franco, zona leste da capital paulista.

Com as investigações, Fausto Vera, Rodrigo Garro e Talles Magno foram questionados pelo MP-SP para esclarecer se realmente ocuparam o imóvel e se houve participação do Corinthians na intermediação da locação. Os atletas não são investigados como suspeitos, mas sim como testemunhas.

Nos últimos anos, outros episódios levantaram questionamentos semelhantes. Em 2023, o ex-diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, apontou relações obscuras nos bastidores. Já em 2024, investigações revelaram que Rafael Maeda Pires, o Japa do PCC, teria atuado como intermediário em negociações envolvendo jogadores como Du Queiroz e Igor Formiga.

O andamento do caso

O clube informou, há uma semana, que começou a enviar ao MP documentos referentes ao período entre 2018 e 2025. A primeira remessa continha apenas faturas de cartões corporativos; os relatórios de despesas da presidência, que estavam pendentes, foram entregues na última segunda-feira.

O promotor Cássio Roberto Conserino já ouviu o presidente Osmar Stabile e parte da diretoria. Para os próximos dias, está marcado o depoimento do vice-presidente Armando Mendonça.

Também deveria ter sido interrogado o empresário João Clóvis, dono de um restaurante acusado de emitir notas frias para o clube durante a gestão de Duilio Monteiro Alves. No entanto, a defesa conseguiu adiar a oitiva por meio de um habeas corpus.

Crimes em apuração

O Procedimento Investigatório Criminal (PIC) aberto em julho analisa se houve práticas como apropriação indébita, estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa no Corinthians.

O que começou como uma apuração limitada ao uso irregular de cartões nas gestões de Andrés Sanchez e Duilio se expandiu. Agora, também estão sob análise os gastos da presidência no período de Augusto Melo, revelados em relatórios recentes.

No dia 21 de agosto, o MP pediu o afastamento dos últimos três presidentes alvinegros, mas a Justiça ainda não se manifestou. Também segue sem decisão o pedido de quebra de sigilo dos cartões corporativos.

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